Costumo ficar de olho em novos filmes e seriados de ficção científica, já que é meu gênero preferido. Mas um deles passou completamente batido: Vesper (2022). Talvez por ser uma produção independente franco-lituana-belga.
Rolando a tela do Stremio, fiquei intrigado com esse belo pôster:
O ranking do Rotten Tomatoes era alto: 90%. "Como nunca ouvi falar desse filme?!"
Foi a melhor surpresa cinematográfica que tive em muito tempo.
Mas não é algo para todos os gostos. Além de um início bastante perturbador, cheio de gosmas à la David Cronenberg, mas com um climão estilo Tarkovsky, em uma distopia tão horrenda que chega a ser bela, a narrativa exige alguma consciência ambiental-política para concretizar sua mágica.
Como várias das melhores histórias de ficção científica, Vesper oferece um fascinante reflexo do presente: tanto o colapso ambiental quanto a ultra-concentração de poder de uma minoria privilegiada.
Senti a influência de um escritor que adoro: Jeff Vandermeer (autor da história que inspirou o filme Aniquilação). Em suas histórias (como a trilogia Comando Sul), a natureza se transforma em algo ao mesmo tempo horroroso, fascinante e que revela dimensões maiores da existência, sem um limite definido entre malefícios e benefícios.
No filme, a tecnologia avança tanto que se funde com a matéria orgânica de nossos corpos e meio ambiente, simultaneamente devastando e degenerando tudo que vive. No entanto, mesmo em formas mutantes e perigosas, o grande mistério da vida continua ali pulsando e florescendo, especialmente na tocante protagonista mirim. Beleza e horror se fundem de maneira poucas vezes retratada na arte.
Já virei fã da dupla de direção e roteiro Kristina Buozyte & Bruno Samper.