Ficção científica, Silo e Starfish

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Está difícil acompanhar. Acho que nunca houve tantas obras de ficção científica sendo lançadas. Décadas atrás, esse era um gênero realmente distinto. Hoje, parece que metade dos filmes, séries e livros têm algo de scifi.

E histórias de ficção científica que levam em conta o atual rumo da tecnologia e das sociedades não têm muito como fugir da distopia.

Em um mundo tão ferrado como o atual, porque não resistimos a ver isso ainda mais exagerado e multiplicado em histórias como The Last of Us ou O Conto da Aia?

Esse artigo na TOR.COM tem uma resposta interessante, que nunca tinha pensado.

Além de uma válvula de escape em que situações presentes são recriadas no ambiente seguro da ficção e da necessidade de acender alguma esperança em tempos de desespero, talvez adoremos histórias sobre o fim do mundo não apenas porque tememos isso, mas porque ele está demorando demais para acontecer!

Claro que não é isso o que espero, mas de certa forma, o fim é extremamente libertador. Por exemplo, em uma distopia apocalíptica não tem mais rede social, preocupação com status ou marcas, contas a pagar, culto a bilionários etc. Que alívio!

Essa digressão acabou ficando mais longa do que o assunto principal que planejava, duas obras de scifi: a nova série Silo e o filme Starfish.

Cena de "Silo"

Silo acabou de estrear (na Apple, ironicamente), deixando uma ótima impressão. Espero que não perca a mão (pelo que li em resenhas, será uma temporada sólida). A história é baseada numa trilogia literária de sucesso, sobre uma sociedade enterrada no solo após algum cataclismo. O verdadeiro motivo disso acabou se perdendo durante várias gerações ou está sendo acobertado por uma conspiração autoritária. Lembra algo de nosso dia-a-dia?

Cena de Starfish

Starfish (2019) é difícil de definir. É o tipo de filme ame-ou-odeie, só que não odiei nem amei. É um filme independente de arte, videoclípico mas sem pressa, com direito a fim do mundo, alienígenas e a personagem tentando fazer as pazes com seus demônios íntimos. Não costumo me entendiar com filme de arte, mas em alguns momentos fiquei impaciente, curioso demais para saber o que iria acontecer. Um erro, pois o mistério apocalíptico em si é apenas um cenário, não é o foco. No final, valeu demais pelo desfecho totalmente fora das convenções, ao som de uma banda que amo, o Sigur Rós.

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