Esse post me lembrou de algo que venho pensando faz um tempo. Ele é basicamente sobre a divisão da web entre os 95% dominados pela massificação bigtech, ou até da grande mídia em geral, e uns 5% que é uma internet "alternativa", sem anúncios, vigilância, voracidade hipercapitalista…
Sempre vejo discussões online onde paira a esperança de que, por exemplo, o Mastodon substitua as redes das megacorporações, ou que o uso de software livre cresça a ponto de ameaçar a Apple e Microsoft etc. Seria ótimo. Eu definitivamente preferiria viver num mundo assim. Mas, realisticamente, estou tranquilo e até meio que satisfeito com a existência desses cantos alternativos.
Não uso bigtech (no limite do possível). Bloqueio rastreadores e anúncios. Uso Linux e um celular "desgooglado". Navego na maior parte do tempo por esses espaços menos visíveis, como o Mastodon ou o Bookwyrm. E várias outras coisas do tipo.
Acho lindas iniciativas como a IndieWeb, ActivityPub e toda essa nova onda de descentralização. Participo ativamente. Mas não sinto nenhuma ansiedade especial para que essa dimensão alternativa se torne mainstream, porque, no caso utópico de isso acontecer, acho que seria algo bem lento, como todas as grandes mudanças de paradigma.
Como menciona o post citado no começo, a internet alternativa já está aí, e um número suficiente de pessoas já participa. Movimentos do tipo sempre existiram e sempre vão existir.
Lembrei de dois artigos sobre a ausência significativa de contracultura na sociedade:
- 14 Warning Signs That You Are Living in a Society Without a Counterculture
- The internet didn’t kill counterculture — you just won’t find it on Instagram
Não é que ela não existe, mas, como diz o segundo artigo, não vamos vê-la no Instagram.
Talvez o anseio por uma influência maior de movimentos contraculturais ou alternativos esteja ligado aos anos 60. Poucas gerações atrás, houve essa imensa influência contracultural, cujos reflexos sentimos até hoje: no movimento ecológico, na música, nas drogas preferidas, na resistência sociopolítica… E esse movimento não mais se repetiu com a mesma força. É como se houvesse um saudosismo, no bom sentido.
No entanto, acho valioso o fato de hoje ainda ser possível, pelo menos na dimensão tech, permanecer relativamente livre da massificação e dominação das megacorporações.