"Como um filme tão bom e tão grande chegou nos cinemas com tão pouco barulho?!" Assino embaixo desse comentário sobre Resistência (The Creator, 2023).
Levando em conta o trailer e a obra anterior do diretor Gareth Edwards, Star Wars: Rogue One (2016), já esperava algo superlativo. Tanto que não quis aguardar a chegada no streaming e fui no cinema. Se puder, vá!
É scifi lindona, de primeira, e com coração!
Faz parte daquele gênero IA em que torcemos pelos androides, já que simbolizam pessoas exploradas e discriminadas por uma oligarquia desalmada, possuindo humanidade exemplar, ainda imaculada pelos valores dominantes. Não é uma apologia da disseminação IA. É essencialmente sobre descolonização e liberdade.
Na ficção científica, é mais comum que máquinas e IAs assassinas (ou mesmo aliens e zumbis) figurem como símbolos dos sistemas de destruição da atualidade, porque a dominação na vida real segue a lógica inumana da máquina ou do invasor alienígena, apesar de ter humanos por trás. Então, pra variar, vale também ver consciências artificiais (mas genuínas) escravizadas e oprimidas como ilustração do colonialismo, supremacismo, racismo ou especismo humanos ("Não tema o levante dos robôs, junte-se a ele", pois não é sobre robôs).
Mesmo que a trama básica não seja original, o filme traz sim o alívio e frescor da novidade, diante da saturação das franquias, continuações, super-heróis etc; com uma concepção autoral marcante (Edwards dirigiu, escreveu e produziu).
Muito provavelmente o melhor filme de ficção científica de 2023, ou dos últimos anos até.