Um trecho do artigo do psicólogo Jonathan Haidt (que sumariza seu livro de repercussão The Anxious Generation, 2024) na revista The Atlantic sobre como redes sociais prejudicam menores:
Uma garota pode ter plena consciência de que o Instagram estimula distúrbios alimentares e a obsessão pela beleza, mas ainda assim opta por correr esses riscos só para não se sentir excluída. Se ela resistir ao Instagram enquanto a maioria dos colegas não resiste, ela pode acabar marginalizada. As redes sociais conseguem um feito notável: prejudicam até mesmo os adolescentes que não as utilizam.
Um estudo recente conduzido pelo economista Leonardo Bursztyn, da Universidade de Chicago, retratou bem essa armadilha. Os pesquisadores recrutaram mais de mil estudantes universitários e perguntaram a eles quanto dinheiro exigiriam para desativar suas contas no Instagram ou no TikTok por quatro semanas. É uma pergunta padrão de economistas para calcular o valor de um produto. Os estudantes responderam que precisariam, em média, de 50 dólares (59 no caso do TikTok, 47 no caso do Instagram) para sair dessas plataformas.
Em seguida, os pesquisadores disseram aos estudantes que tentariam convencer a maioria dos alunos da faculdade a sair das redes sociais, também mediante pagamento. E perguntaram: “Quanto você exigiria receber para desativar sua conta se a maioria dos outros também saísse da plataforma?” A resposta, em média, foi menos que zero. Em todos os casos, a maioria dos alunos se dispunha a pagar para sair da plataforma.
As redes sociais funcionam com base no efeito manada. A maioria dos alunos só está nelas porque os outros também estão. Quase todos gostariam que ninguém usasse essas plataformas. Outra pergunta do estudo: “Você preferiria viver em um mundo sem Instagram ou TikTok?” A maioria respondeu que sim – 58% para ambos os aplicativos.