Fabulosa história de primeiro contato

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capa do livro “Despertar”, de Octavia Butler

A escritora Octavia Butler está entre as poucas pessoas de quem pretendo ler tudo. Que arrependimento não ter lido antes! — apesar de estar na minha lista há anos. Despertar (Dawn, 1987) foi meu primeiro contato, e também é uma fabulosa história de… primeiro contato, uma das melhores que já experimentei.

Butler é uma das pessoas mais premiadas da ficção científica, aclamada como exímia contadora de histórias, e celebrada por sempre tratar de questões sociais, principalmente raciais e femininas, com inclusividade aliviadora.

Em Despertar, a humanidade foi aniquilada em uma guerra mundial e a biosfera, totalmente devastada e contaminada — as principais ameaças na época em que o livro foi escrito. Alienígenas resgatam os poucos humanos que ainda não morreram, para preservação e outros fins, mas as pessoas se sentem como cobaias desses seres de intenção ambígua, extremamente hábeis em comunhão biológica e mental. Eles invocam involuntariamente repulsa e medo em um nível animal incontrolável. O livro é o primeiro da trilogia Xenogênese, palavra cujo sentido está no centro da trama.

A profundidade da interação entre as espécies atinge níveis que nunca tinha experimentado na ficção científica, daqueles de explodir a mente. A dimensão humana das personagens também é exemplar.

Peguei a coletânea em inglês que reúne os três, mas a editora Morro Branco já traduziu todos.