Em Ainda Estou Aqui (2015), Marcelo Rubens Paiva conta a história de sua mãe Eunice (e da doença de Alzheimer que a acometeu), do assassinato de seu pai pela ditadura brasileira, da luta pelo reconhecimento do crime, além de suas memórias de infância e juventude.
É uma narrativa poderosa não apenas sobre a tirania militar, mas também sobre família e trauma. Como é uma mistura de memórias com reportagem, o estilo fluído coloquial característico do autor alterna com trechos de documentos e depoimentos. Também é o livro que eu estava procurando sobre a ditadura, mais de experiência de vida do que de história. Provoca não apenas revolta, mas também gargalhadas e lágrimas.
Está sendo bastante comentado devido ao novo filme de Walter Salles — a ser lançado. Marcelo é um dos autores brasileiros que mais gosto, tinha marcado seus livros que não li e a notícia sobre a efusiva recepção que o filme ganhou no festival de Cannes fez essa obra — responsável pelo terceiro prêmio Jabuti do autor — furar a fila de leitura.
Seu livro que mais me marcou foi Blecaute (1986), uma história apocalíptica em que sobram três jovens em São Paulo. Foi a primeira leitura obrigatória na escola que me deixou realmente fascinado.