‘A Parábola do Semeador’; entrevista com Octavia Butler

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capa do livro “A Parábola do Semeador”, com um muda de planta em meio a ruínas

A Parábola do Semeador (Parable of The Sower, 1993) talvez seja o livro mais admirado da estadunidense Octavia Butler. Além dos prêmios que recebeu há 30 anos, voltou a ser muito lido recentemente por ser, além de um ótimo romance, um dos mais vívidos retratos da catástrofe climática — a história se passa entre 2024 e 2027.

Apesar de não ser leitura fácil, está entre as melhores distopias que já li. O horror dos primeiros anos de um colapso social total devido à emergência climática e ao sistema econômico é chocante a ponto de precisar baixar o livro e respirar de tempos em tempos. Ouvi gente dizendo que não suportou e largou.

É uma predição assustadoramente plausível do que pode acontecer, incluindo até a volta da escravização — a culminação da atual piora constante das condições de trabalho apontaria para onde?

Li nesses dias uma resenha sobre outro livro — Alerta Vermelho, de Martha Wells (está na minha lista) — em que o autor reclama do cenário de capitalismo distópico como sendo um lugar-comum pouco criativo. Ele parece preferir cenários otimistas, que ajudam a imaginar futuros mais plenos. Já eu gosto de histórias de distopias catastróficas justamente porque abrem os olhos para o presente — sem isso, não teremos a menor chance. O desconforto, ou até angústia, fazem parte. Parece-me um negacionismo sutil querer evitar o desagradável. Além disso, essas histórias retratam como as pessoas lidam com a situação. Acabam sendo bem práticas para o momento atual.

Entretanto, acho sim certa falta de imaginação aquele cenário comum em que, sem governo e polícia, as pessoas passam apenas a predar umas às outras. Isso não falta em A Parábola do Semeador. Mas como é um tempo de transição, em que os valores da civilização sendo destruída ainda não foram substituídos, faz sentido.

Na história, acompanhamos Lauren, uma adolescente com hiper-empatia, a capacidade (fictícia) de sentir involuntariamente em seu corpo a dor e prazer de seres próximos. Após a comunidade murada onde vive ser destruída, ela precisa enfrentar a estrada. Ao buscar sentido, seus questionamentos acabam dando forma a uma nova filosofia-religião, em que “Deus = mudança”, ou seja, o único princípio universal é a constante transformação. Por questão de sobrevivência, pessoas vão se reunindo em torno dela, e a compaixão da comunidade que vai se formando acaba sendo uma tocante utopia dentro da distopia.

Octavia Butler disse que escreveu essa história como se fosse a autobiografia (a narração é feita em um diário, que parece reproduzir até os erros de grafia que existiriam em um original do tipo) da fundadora da religião que se disseminou pelo mundo devastado.

A entrevista onde ela conta isso está publicada no final da bela edição da Morro Branco. É tão boa que reproduzo abaixo. Um trecho:

Eu espero que os leitores de A Parábola do Semeador pensem em para onde estamos caminhando — nós, os Estados Unidos, e até nós, a espécie humana. Para onde estamos indo? Que tipo de futuro estamos criando? É esse o tipo de futuro em que você quer viver? Se não for, o que podemos fazer para criar um melhor? Individualmente e em grupos, o que podemos fazer?

A Parábola do Semeador é o primeiro volume de uma série interrompida pela morte da autora, em 2006, após o segundo volume, A Parábola dos Talentos. Entretanto, a história vale por si só, independentemente dos volumes que não chegaram a ser escritos.


Comentei também sua trilogia Xenogêse em: Final da trilogia 'Xenogênese'Final da trilogia 'Xenogênese'
Imago (1989) é o último livro da trilogia Xenogênese, de Octavia Butler. Comentei os outros dois em: Fabulosa história de primeiro contato Livro 'Ritos de Passagem', de Octavia Butler A série narra um contato apocalíptico com alienígenas ambíguos. Um dos…


Uma conversa com Octavia Butler

Foto em preto-e-branco da autora Octavia Butler

1 – O que te atraiu para a escrita?

Conto histórias para mim mesma desde que tinha quatro anos. Eu era filha única, tímida e frequentemente sozinha. Contar histórias para mim mesma era o meu jeito de me manter entretida. Nunca pensei em colocá-las no papel até os meus dez anos, quando percebi que estava esquecendo algumas das minhas primeiras histórias. Um dia, enquanto minha mãe penteava meu cabelo, fiquei escrevendo em um caderno meio usado. Ela me perguntou o que eu estava fazendo. Quando disse que estava escrevendo uma história, ela respondeu “Oh. Talvez você se torne uma escritora”.

Esse foi absolutamente o meu primeiro sinal de que as pessoas podiam ser “escritoras”, mas entendi a ideia e a aceitei de uma só vez. As pessoas podem se sustentar escrevendo histórias. Pessoas foram pagas para escrever os livros que eu gostava de ler. A Biblioteca Pública de Pasadena foi um dos meus lugares favoritos por anos. Eu não amava apenas ler livros, mas estar cercada por eles. Pela primeira vez na vida, considerei seriamente que talvez pudesse trabalhar com algo que gostava — e eu realmente gostava de escrever. Minhas histórias eram terríveis, mas me divertia com elas. Até aquele dia, “trabalho” era, para mim, algo cansativo que os adultos me forçavam a fazer. Trabalho adulto era algo ainda mais cansativo que um chefe mandava os adultos fazerem. Trabalho era, por definição, desagradável. Mas se escrever fosse o meu trabalho…!

2 – Como você acabou escrevendo ficção científica e fantasia?

Eu nunca contei histórias comuns para mim mesma. Nunca estive interessada em fantasiar sobre o mundo no qual estava presa. Na verdade, fantasiava sobre fugir daquele mundo limitado e sem graça. Eu era uma menininha “de cor” naquela era de conformidade e segregação, os anos 1950, e não importava o quanto eu sonhasse em ser escritora, não podia deixar de ver que meu futuro real parecia sombrio. Deveria me casar e ter filhos, e se tivesse sorte, meu marido me sustentaria e eu poderia ficar em casa, lavar o chão e cuidar das crianças. Se tivesse um pouco menos de sorte, teria que conseguir um trabalho, mas um que me deixasse vestir bem e ficar limpa o dia todo. Me tornaria uma secretária, talvez. Minha mãe, a quem só foram permitidos três anos de estudo, era uma empregada doméstica. Cuidar de casas era tudo o que sabia fazer. O sonho dela era que eu me tornasse secretária. Minha tia, uma enfermeira, achava que eu tinha que ser enfermeira. As outras duas profissões mais abertas a mulheres naquela época eram professora de ensino primário e assistente social. Eu conhecia crianças que queriam ser assistentes sociais, mas eu sequer sabia o que uma assistente social faz. Mas conhecia o suficiente sobre secretárias, enfermeiras e professoras para concluir que, para mim, essas profissões seriam como uma prisão perpétua no inferno.

Eu fantasiava sobre viajar e ver algumas das coisas que encontrava nas revistas National Geographic de segunda mão que minha mãe trazia para casa. Fantasiava sobre viver vidas impossíveis, mas interessantes — vidas mágicas em que eu podia voar como o Super-homem, me comunicar com animais, controlar a mente das pessoas. Me tornei um cavalo mágico em uma ilha de cavalos. Meus amigos cavalos e eu enganávamos os homens que vinham nos pegar.

Então, quando eu tinha doze anos, descobri a ficção científica. Me atraia ainda mais que a fantasia, porque exigia mais reflexão, mais pesquisa sobre as coisas que me fascinavam. Eu estava desenvolvendo interesse em geologia e paleontologia — a origem da Terra e o desenvolvimento da vida. O programa espacial tripulado estava começando, e fiquei fascinada com ele. O que mais gostei de estudar na escola foi Ciências na oitava série: outros planetas, evolução biológica, botânica, microbiologia… Eu não era uma aluna particularmente boa, mas era ávida. Queria saber sobre tudo, e enquanto aprendia, queria brincar com o conhecimento, explorá-lo, pensar no que queria dizer, ou para onde podia levá-lo, escrever histórias com ele.

Nunca perdi esse fascínio.

E a ficção científica e a fantasia são tão vastas que eu nunca tive que deixá-las para poder lidar com outras coisas. Não parece ter nenhum aspecto da humanidade ou do universo ao nosso redor que eu não possa explorar.

3 – De onde veio a religião Semente da Terra? O que inspirou o sistema de crenças?

Semente da Terra é o resultado conjunto de diversos dos meus esforços e interesses. Primeiramente, tive muita dificuldade em começar A parábola do semeador. Sabia que queria contar a história, a autobiografia ficcional de Lauren Olamina, que começa uma nova religião e que, algum tempo depois de sua morte — depois que as pessoas tivessem tempo para esquecer quão humana ela era —, podia facilmente ser considerada uma deusa. Queria que fosse uma pessoa inteligente e verossímil. Não queria escrever uma sátira. Queria que ela acreditasse profundamente no que ensinava, e que seus ensinamentos fossem sensatos, intelectualmente respeitáveis. Queria que fossem algo que alguém que eu pudesse admirar realmente acreditasse e ensinasse. Ela não tinha que estar sempre certa, mas tinha que ser sensata.

Eu elaborei Semente da Terra fazendo perguntas a mim mesma e encontrando respostas. Por exemplo, perguntei qual era a força mais poderosa na qual podia pensar? O que não podemos impedir, não importa o quanto tentemos? A resposta que encontrei depois de alguma reflexão foi “a mudança”. Podemos fazer muitas coisas para influenciar os constantes processos de mudança. Podemos direcioná-los, alterar sua velocidade ou impacto. Em geral, podemos moldar a mudança, mas não podemos impedi-la, a nenhum custo. Por todo o universo, a realidade constante é a mudança.

Foi por aí que comecei. Fiquei um pouco desconcertada quando estava lendo sobre outras religiões e fui lembrada que no Budismo a mudança também é muito importante, embora de um jeito diferente. De maneira simplificada: no Budismo, já que tudo é impermanente, só podemos evitar sofrimento ao evitar apego, pois tudo a que poderíamos nos apegar está fadado a perecer. Mas Lauren Olamina diz que, já que a mudança é a única verdade inescapável, mudança é a argila primordial das nossas vidas. Para vivermos de forma construtiva, precisamos aprender a moldar a mudança quando pudermos e a nos render a ela quando necessário. De todo modo, devemos aprender e ensinar, nos adaptar e crescer.

Quando defini Mudança como o deus de Olamina, tive que ser fiel à ideia. Isso significava que tinha de entender o que essa crença significaria nos diversos aspectos da vida. Recorri à ciência, a outras filosofias e religiões e às minhas próprias observações de como as pessoas se comportam, de como o mundo funciona.

Escrever as crenças de Olamina em versos me ajudou a dar continuidade ao romance, de certa forma. Eu não tentava escrever poesia desde que fui obrigada na escola. Não era sequer muito boa, aliás. Mas tentar foi um bom desafio. Tive que me concentrar em aprender um pouco mais sobre esse jeito diferente de escrita, e tive que descobrir como utilizá-la para realizar o trabalho que queria fazer. Meu modelo físico para o livro religioso da minha personagem foi o Tao de Ching: o livro do caminho e da virtude. É um livro fino com alguns versos aparentemente simples. Não queria copiar nenhum dos versos taoistas, mas gostei imediatamente de sua estrutura.

4 – Você chamou A parábola do semeador de conto admonitório porque o futuro apresentado nele é alarmante, mas possível. Você tem outras ideias sobre o futuro que não entraram no livro?

A ideia em A parábola do semeador e A parábola dos talentos é imaginar um possível futuro não afetado por habilidades parapsíquicas como telepatia ou telecinese, intervenção alienígena ou mágica. São livros que olham para onde estamos agora, o que estamos fazendo agora, e para imaginar onde alguns dos nossos comportamentos atuais e problemas negligenciados podem nos levar. Eu considerei drogas e os efeitos de drogas nos filhos de viciados. Olhei para a crescente distância entre ricos e pobres, para o trabalho precarizado, para a nossa disposição de construir e encher prisões, nossa relutância em construir e reformar escolas e bibliotecas, e para o nosso ataque ao meio ambiente. Em especial, olhei para o aquecimento global e nas maneiras que ele provavelmente mudará as coisas para nós. Há a provável inflação acionada pelo preço de alimentos, porque com a mudança climática, algumas culturas que costumamos plantar não crescerão tão bem nos lugares que costumamos plantá-las. Não teremos apenas temperaturas altas demais, não teremos apenas água insuficiente, mas o aumento de dióxido de carbono não afetará as plantas das mesmas formas. Algumas crescerão mais rápido, mas não serão tão nutritivas — exigindo mais energia de si mesmas e que nós precisemos de mais para nos nutrir adequadamente. É um problema bem mais complexo do que um simples aumento de temperatura. Imaginei que a fome crescente provocaria maior vulnerabilidade a doenças. E haveria menos dinheiro para vacinas ou tratamento. Também graças ao aumento de temperatura, doenças tropicais como a malária e a dengue se espalhariam ao norte. Considerei perda de litoral devido ao aumento do nível do mar. Imaginei os Estados Unidos se tornando lentamente, pelos efeitos conjuntos de falta perspectiva e interesses imediatistas e egoístas, um país de terceiro mundo.

E nossa única maneira de limpar, adaptar e compensar isso tudo em A parábola do semeador e A parábola dos talentos é usar nossos cérebros e mãos — as mesmas ferramentas que usamos para criar toda esta problemática. Em outros dos meus romances, Dawn, Adulthood Rites e Imago, por exemplo, da série Xenogenesis, a resposta vem pela intervenção de alienígenas extrassolares. Nosso problema como espécie, eles nos dizem, vem de termos duas características inerentes que não funcionam bem juntas, especialmente pela pior estar no controle. Elas são: inteligência e comportamento hierárquico — com esta última dominando. Os aliens consertam as coisas nos alterando geneticamente.

Em Mind of my Mind, Clay’s Arc, e romances relacionados a minha série Patternist, o futuro é mudado por pessoas com habilidades parapsíquicas. Não é mudado para melhor. Simplesmente coloca outro grupo poderoso no poder e sua falta de perspectiva e interesses obscuros e egoístas trazem mudanças diferentes.

Essas são as ideias que tive sobre o futuro em livros anteriores. Guardo outras possibilidades para os que estão por vir.

5 – Que tipo de pesquisa você fez para A parábola do semeador?

Eu li e escutei aulas gravadas que focavam em religiões. Encontrei livros de religiões africanas e me interessei especialmente pelos Orixás do povo Iorubá. O nome do meio de Lauren Olamina é Oya porque eu gostei tanto do nome como do Orixá que ele representa. Oya é, entre outras coisas, a divindade do rio Niger. Ela é imprevisível, inteligente e perigosa — uma boa xará para Lauren Oya Olamina.

Satisfiz minha fraqueza por enciclopédias e dicionários especializados me apaixonando pelo The Perenial Dictionary of World Religions [Dicionário perene de religiões mundiais]. Encontrei esse livro na biblioteca e gostei tanto que o procurei e comprei.

Passei também pela questão das armas. Tinha a pesquisa que fiz para Clay’s Arc para me basear. Só precisei reencontrá-la e aumentá-la um pouco.

Prendi mapas detalhados de diferentes partes da Califórnia nas minhas paredes. Eu costumava viajar de cima a baixo da Califórnia de ônibus, mas nunca caminhei o estado inteiro. Já que meus personagens teriam que fazer isso, eu precisava entender como o fariam. Também li sobre pessoas que atravessaram o estado a pé, de bicicleta ou a cavalo.

Eu escutei minhas estações locais de rádio públicas e li jornais e revistas. Isso não era uma pesquisa que eu normalmente faço, mas como A parábola do semeador e A parábola dos talentos são amplamente inspiradas em notícias, nas tendências que pareciam importantes para mim [ver pergunta 4], as notícias que eu lia alimentavam meu livro.

E, finalmente, eu perturbei a minha mãe, que tinha um dedo verde, e li livros de jardinagem. Também fiz anotações nas minhas caminhadas matinais. O que há nas flores? Nas frutas? Quando? Jardinagem é popular na região de Pasadena. A maioria das pessoas que tem casas mantém grandes jardins, e todo mundo pode cultivar algo. Minha mãe, que sabia reconhecer algo bom de cara, me colocou para trabalhar — para que eu pudesse ganhar alguma experiência prática.

6 – A parábola do semeador é, entre outras coisas, um romance de formação. Quais são as lições mais importantes que Lauren Olamina aprende enquanto amadurece?

Um dos primeiros aprendizados de Olamina é valorizar a comunidade. Ela aprende isso quando jovem, sem perceber que está aprendendo. A comunidade de seu pai é a sua professora, Ela não consegue concordar com o pai ou os outros adultos quando se trata de fechar os olhos com medo, na esperança que os bons e velhos tempos voltem, Mas consegue ver que as pessoas ao seu redor não conseguiriam se sustentar se não encontrassem jeitos de trabalhar juntas.

Quando a comunidade em que Olamina nasceu é devastada, ela começa a construir outra. A princípio, não sabe que é isso o que está fazendo, e ela está com medo — apavorada — de desconhecidos potencialmente perigosos. Mas aprende a se aproximar apesar do medo, a escolher as melhores pessoas que encontra e a juntá-las. Ao aceitar a Semente da Terra, não espera por nenhuma ajuda sobrenatural. Ela reconhece um deus, mas não uma entidade senciente, caridosa e antropomórfica. Acredita que a única ajuda em que podemos confiar é aquela que vem de nós mesmos e de um para o outro. Nunca desenvolve uma atitude de “as coisas vão se resolver de algum modo”. Ela aprende a ser ativa.

7 – Quem ou o que foram as influências mais importantes na sua escrita?

Isso muda de livro para livro. Quando estou trabalhando em um romance, qualquer coisa que chame minha atenção pode acabar afetando o que escrevo. Às vezes há um acontecimento dentro de um ônibus ou na rua ou em outro lugar público, às vezes é algo que alguém diz ou faz, ou algo que leio.

Minhas primeiras influências literárias foram contos de fada, mitologia, quadrinhos e histórias com animais, especialmente as que envolvessem cavalos (A Forest World, Bambi, Bambi’s Children, Black Beauty, Lad, a Dog, King of the Wind, Big Red, The Black Stallion…).

Mais tarde, li ficção científica indiscriminadamente. Eu gostava particularmente de escritores que criavam personagens interessantes e verossímeis, mas eu lia tudo o que encontrasse na biblioteca e nas revistas que comprava no supermercado. Minhas primeiras revistas de ficção científica foram Amazing, Fantastic, Galaxy, Analoge The Magazine of Fantasy and Science Fiction. Alguns dos autores de que eu mais gostava no início da minha adolescência eram Theodore Sturgeon, Eric Frank Russell, Zenna Henderson, Ray Bradbury, J. T. McIntosh, Robert A. Heinlein, Clifford D. Simak, Lester del Rey, Fredric Brown e Isaac Asimov. Depois eu descobri Marion Zimmer Bradley, John Brunner, Harlan Ellison e Arthur C. Clarke. Eu devorei as muitas antologias de Judith Merril e Groff Conklin.

Em resumo, como muitos fãs de ficção científica, eu lia ficção científica demais e pouco de qualquer outro gênero. Como já disse, eu também lia muitos artigos científicos populares. Na escola, eu ia muito bem em Inglês e em História. História também me levava a lugares fascinantemente diferentes e me fazia pensar no jeito que as pessoas se comportam com as outras nas maneiras que elas lidavam com poder, por exemplo. Essas coisas atraíram o meu interesse e entraram na minha escrita. Escritores usam tudo. Não conseguimos evitar. Tudo que nos toca, toca a nossa escrita.

8 – O que você gostaria que os leitores entendessem desse livro? No que você gostaria que eles pensassem?

Eu espero que os leitores de A parábola do semeador pensem em para onde estamos caminhando — nós, os Estados Unidos, e até nós, a espécie humana. Para onde estamos indo? Que tipo de futuro estamos criando? É esse o tipo de futuro em que você quer viver? Se não for, o que podemos fazer para criar um melhor? Individualmente e em grupos, o que podemos fazer?

Octavia E. Butler

Pasadena, Califórnia

Maio de 1999