Quarta-feira é dia de Star Wars: Andor. Uma resenha na Wired resumiu o que venho pensando sobre esse seriado desde o início:
Andor é o que Star Wars deveria ser
De alguma maneira, uma série sobre a luta contra o fascismo é a melhor coisa na Disney+
Darth Vader ou o imperador Sith não são meros vilões fantasiados, mas também exemplificam o protótipo de um mal que vem demonstrando sua qualidade quase universal (ou cósmica, conforme esses filmes): o pesadelo sociopolítico do autoritarismo fascista.
O tragicômico é que a arte, mesmo em sua expressão mais política, é interpretada da maneira que for mais conveniente. Outro dia vi comentários de bolsonaristas em que eles se comparam aos rebeldes e jedis de Star Wars, na luta contra o "comunismo" (!!#?*!).
Na verdade, não surpreende muito, levando em conta que as pessoas mais influentes dessa turma, que formulam os pensamentos que serão repetidos, saem propagando, por exemplo, que George Orwell era direitista e que 1984 seria um tipo de ode ao conservadorismo. Sem falar no "nazismo é de esquerda"…
Curiosamente, isso é exatamente uma das táticas denunciadas em 1984: a falsificação da história e o "duplipensar".
Como poderia um direitista se juntar aos anarco-sindicalistas da Guerra Civil Espanhola, como fez Orwell? Em "Why I Write", ele escreveu:
"Cada linha de trabalho sério que escrevi desde 1936 foi composta, direta ou indiretamente, contra o totalitarismo e em prol do socialismo democrático…"
Mas esse é só um dos vários exemplos em que o trabalho de pessoas engajadas, essencialmente contra o extremismo conservador, é sequestrado e distorcido em prol exatamente daquilo que elas lutavam contra.
A distopia também é de pensamento.
→ The Peripheral, Snow Crash, AndorThe Peripheral, Snow Crash, Andor
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