Fazia tempo que queria arrumar meu computador de viagem, um laptop Dell G3. Comprei-o com Ubuntu Linux (18.04) há uns anos e funcionava bem, mas as versões seguintes do Ubuntu (que a Dell não oferece suporte) começaram a dar problemas de suspend/standby e de bateria. Pesquisei em tudo que é fórum, e desisti.
Como queria testar uma distro Linux tipo "rolling", de atualização constante com as últimas versões de tudo, instalei o Arch, que já não é tanto uma distro só para viciados em linha de comando. Um script, por exemplo, automatiza o processo de instalação.
Uma ótima surpresa foi que todos os incômodos que vinha tendo no Ubuntu sumiram.
Como esse laptop não é novo, o Gnome vinha engasgando, em comparação com desktops potentes. Então passei a usar o i3-wm como ambiente gráfico (devido à nVidia, ainda estou preso ao Xorg, e por isso não parti para o Sway com Wayland, mais "moderno").
(exemplos de ambientes i3 como esses são a festa lá no r/unixporn)
Esses desktops minimalistas, baseados quase só em texto e linha de comando, são rápidos de doer (o sistema todo usa uns 500 MB de RAM). E sempre adorei não precisar usar o mouse para nada. É um sonho nerd.
Gostei tanto dessa combinação — Arch (com kernel novinho em folha) + I3 — que provavelmente vou migrar também o PC principal.
Apesar de usar Ubuntu há décadas, algumas coisas sempre incomodaram; como a influência comercial da Canonical e a desconsideração com a opinião de usuários — por exemplo, os snaps empurrados goela abaixo, dos últimos anos.
Mas, ao configurar o Arch, percebi o trabalho invisível dos devs de distros como o Ubuntu, que unificam a interface. No Arch, tudo é "vanillão", não tem customização nenhuma. O Gnome, por exemplo, vem exatamente do jeito que seus devs idealizaram, mas a consequência negativa é que a experiência de interface gráfica acaba sendo menos integrada; tem hora que cada programa fica com uma cara diferente, já que uma distro GNU/Linux é basicamente uma integração de softwares bem diversos entre si.
Passei um bom tempo pesquisando como fazer para programas QT, ou GTK antigos, seguirem o modo escuro do Gnome 43 (o que nem precisava ter feito, já que mudei para o i3 depois). E também para fazer a dupla Optimus (vídeo Intel + GPU nVidia) alternar numa boa, ou para escalar o uso da CPU e não esquentar demais — coisas que, no Ubuntu, vêm prontinho de fábrica.
No entanto, isso não é crítica ao Arch. Em geral, estou adorando, já que é realmente uma distro comunitária, como o software livre deveria ser.