Não dualidade em Star Wars

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Cena de "Visions"

Não conhecia a série de curtas de animação Star Wars — Visions. A primeira temporada é de produções japonesas. Saiu agora a 2ª, não restrita ao Oriente. Não tenho predileção especial por animes, só certo saudosismo de adolescência mas, de Star Wars sim, sou fã incondicional.

Visions não é nada mal! Tive até um insight (atrasado) sobre a Força. Quando saiu a mais recente trilogia, ao mesmo tempo que acompanhei com gosto ficava pensando: "Que apelação… O lado escuro já não tinha sido derrotado? Se vai ressuscitar, de que adiantou toda a saga anterior?"

Eu considerava o embate entre os lados claro e escuro só como um dualismo meio infantil, tipo "o mocinho vence o vilão" — mas como me apaixonei por esse universo ainda criança, tudo bem.

O insight — na verdade, meio óbvio — é que o lado escuro jamais será derrotado. Ele é necessário para o equilíbrio. Nunca tinha pensado nisso, apesar de os próprios filmes sugerirem isso bastante.

Nos episódios 1 ("Sith") e 5 ("Journey To The Dark Head") dessa 2ª temporada de Visions, esse balanço yin & yang dos aspectos da Força fica bem explícito, talvez devido à maior influência oriental — nas metafísicas do Oriente é mais forte a visão de mundo em que a sombra não é algo independente e separado da luz. (Escrevi um pouco sobre essa dualidade em: Série — Missa da Meia-NoiteSérie — Missa da Meia-Noite
Missa da Meia-Noite (2021, Netflix) é uma série limitada (sete episódios) bem singular. Começa devagar com questionamentos espirituais e existenciais acima da média, e deslancha — ou descamba, para quem não é fã — para um gênero clássico do terror…
.)

Entretenimento distópico

Curiosamente, isso é uma desculpa ótima para essa franquia jamais acabar. Infelizmente, Star Wars é como Coca-Cola. Consumir traz certa culpa, conhecendo a gigantesca máquina de destruição e manipulação por trás do produto.

O conglomerado Disney hoje abrange: canais National Geographic, ESPN, Lifetime, History, A&E, FX; emissora ABC, estúdios 20th Century Fox, Marvel, Pixar, Lucasfilm; a gravadora Hollywood Records; e o serviço de streaming Hulu. E a expansão dessa "influência cultural" continua.

Antes da desregulamentação de telecomunicações da era Reagan, que abriu a porteira da fase mata-mata do fundamentalismo de mercado (neoliberalismo), tamanha concentração de influência de mídia era completamente ilegal.