Nas últimas semanas, joguei Watchdogs 2 até precisar parar por torcicolo. Terminei e comecei a sequência, Watchdogs: Legion, que achei muito melhor do que os rankings sugerem.
Watchdogs 2 (2016) é uma mistura de GTA com a série Mr. Robot. O jogo tava na minha lista há um tempo, mas nunca peguei porque os trailers e resenhas não pareciam grande coisa. Até que veio uma promoção de uns R$ 25, e aí me ferrei: é extremamente viciante.
É uma história bem cyberpunk, mas contemporânea, sobre uma gangue de hackers ativistas enfrentando as big techs em conluio com políticos.
A realização das missões é do tipo "sandbox", você executa do jeito que preferir: explodindo e matando todo mundo, só com sabotagem na moita, com munição não-letal, com drones que fazem o trabalho sujo etc. A mecânica é ótima.
Não é realista, mas isso não é um defeito. Para mim, o principal efeito é uma catarse de sair dando gargalhadas — alivia como um descarrego (como naqueles filmes do Tarantino sobre vinganças fictícias contra nazistas, escravocratas ou hippies satânicos).
Imagina invadir e hackear fisicamente o Google, pôr o Musk na cadeia, expor ao ridículo políticos da extrema-direita etc. Claro que os nomes são todos outros, mas as referências sobre quem é quem são mais do que óbvias. Muito é baseado em fatos reais, como o ataque do grupo Anonymous à igreja da Cientologia. E tem até sessão de cogumelo mágico no Burning Man!
Já Watchdogs: Legion (2023) tem gráficos mais de ponta (exige muito mais processamento) e a dinâmica muda bastante. Também senti falta de alguns recursos antigos, como o sistema de armas e de progressão. Mas há coisas mais legais também, como o fato de poder recrutar qualquer NPC na rua (envolvendo missões secundárias específicas para cada um) e, assim, ampliar o leque de especialidades do movimento. Vira uma ação coletiva mesmo, sem o foco numa única pessoa-chave.
É tão viciante quanto o anterior!
Claro que é ironicamente deprimente a luta contra o atual horror bigtech neoliberal ser encenada em um meio que não poderia envolver mais dominação-escroto-capitalista: o dos games blockbusters. Mas não sou de ferro; às vezes preciso da indulgência nesses escapismos.
