Mantenha a calma e dê uns tiros

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Cena de Sniper Elite 4

Para quem gosta de tiros e explosões, o jogo Sniper Elite 4 (2017), do estúdio Rebellion, é praticamente uma terapia.

Costumo preferir mira telescópica e ação tática do que shooters mata-mata. Como joguei muito Sniper Ghost Warrior Contracts (1 e 2), tinha um preconceito com jogo de época. Sniper Elite se passa na 2ª Guerra, mas acho que, no geral, é até melhor que Contracts.

Tem o tema da vingança catártica contra nazistas e as melhores explosões que talvez já vi num game. E é baratinho; em promoção, dá para pegar por R$ 25. Sniper Elite 5 (2022) também saiu por esse preço — ainda não joguei, mas dizem que é praticamente como o 4.

Meu único porém, é que, na verdade, não gosto de ficar matando ninguém. Sempre que posso escolho munição não letal — como em Cyberpunk 2077 (Games envolventesGames envolventes
Geralmente não compro games novos, são muito caros. Duas exceções foram Cyberpunk 2077 e God of War. Cyberpunk foi o jogo responsável por eu voltar a jogar games, há pouco mais de um ano. Estava afastado desse universo há uns…
) ou Watchdogs (Watchdogs 2 e LegionWatchdogs 2 e Legion
Nas últimas semanas, joguei Watchdogs 2 até precisar parar por torcicolo. Terminei e comecei a sequência, Watchdogs: Legion, que achei muito melhor do que os rankings sugerem. Watchdogs 2 (2016) é uma mistura de GTA com a série Mr. Robot.…
) — Sniper Elite não dá essa opção.

Válvula de escape para a revolta

Vai uma breve reflexão para soltar algo mais significativo do que ficar recomendando game de armas. Às vezes dá essa vontade de mandar uns tiros e explosões, do mesmo modo como ocasionalmente me entretenho com filmes de ação barata, daqueles que não precisa pensar — um bem competente nessa linha é Resgate 2.

Dá até certa culpa. Um artigo recente do economista Umair Haque comenta isso no final. A cultura que nos domina acaba se auto-organizando para canalizar a vazão do instinto de revolta — pela atual policrise — em mídias inócuas, como games, filmes (tem até propaganda de boneca!) ou violência e supremacismo nas redes sociais.

Entre outros fatores, isso acaba sendo instrumental para que esta não seja a era de revolta e revolução que deveria ser, levando em conta o tamanho do buraco onde nos encontramos.