Como sugere o título do livro The Girl In The Road (2015), de Monica Byrne, trata-se de uma história de estrada, jornada — um dos gêneros que mais gosto. Mas é algo inesquecivelmente diferente.
No ano de 2068, uma jovem indiana cruza o mar caminhando milhares de quilômetros por uma ponte que captura energia das ondas, da Índia para a África. Em uma história paralela, uma menina escapa de seu lar atravessando a África em direção à Etiópia.
Nesse futuro, devastado pelas mudanças climáticas, a Índia se tornou uma potência dominante e o continente africano cozinha subversão. É um alívio mergulhar em uma história totalmente fora do atual eixo cultural dominante (apesar de a autora ser estadunidense).
A narrativa em primeira pessoa teletransporta para o interior das personagens.
Principais temas são: multiculturalismo, transtorno transgeracional, sociedades pós-colapso, poder feminino, dimensões mitológicas e espirituais da existência.
Cheguei nesse livro por ter adorado sua obra mais recente: The Actual Star (2022, Ficção científica como sempre quisFicção científica como sempre quis
The Actual Star (2022), de Monica Byrne, é o tipo de livro que estou sempre buscando na ficção científica, mas raramente encontro. Convergem vários dos tópicos que mais me interessam atualmente: utopia pós-apocalíptica, anarquismo, psicodélicos, emergência climática, tecnologias regenerativas, questionamentos…). Ela tem algumas semelhanças, como seu decolonialismo, mitos religiosos, sexualidade carregada e reviravolta impressionante no final.
Na época do lançamento, The Girl in Road foi uma sensação no universo da ficção especulativa. Está sim à altura dos elogios calorosos que recebeu.