Ursula K. Le Guin costuma escrever alguns dos melhores livros de ficção científica sobre temas específicos: Os Despossuídos, sobre anarquismo; A Mão Esquerda da Escuridão1, fluidez de gênero; e The Eye of The Heron (1978), sobre não violência.
Nesse último, dois grupos são exilados da Terra como um tipo de escória: pessoas condenadas por crimes e ativistas pacifistas que se recusavam a participar da sociedade de nações em guerra. As condenadas chegaram algumas gerações antes. Haviam sido expulsas da Terra se autodestruindo e sem mais capacidade prisional, em uma viagem só de ida para o planeta-prisão. Detalhe curioso: são do Brasil!2 Então, recriam uma sociedade autoritária e hierárquica.
Já as pessoas ativistas eram adeptas da não violência e deram origem a uma comunidade basicamente anarquista. Não vou comentar mais porque a revelação sobre sua história e como aconteceu o exílio estão entre os grandes momentos.
A trama gira em torno da tensão social entre os grupos, do embate entre brutalidade e a não violência como princípio ético básico de uma cultura.
Vai se deliciar especialmente quem adorou Os Despossuídos.
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Ficção anarquista de Ursula K. Le GuinFicção anarquista de Ursula K. Le Guin
Os Despossuídos (1974), de Ursula K. Le Guin, costuma ser apontado como o grande clássico da ficção anarquista (eu colocaria na lista também The Fifth Sacred Thing, de Starhawk, e o recente Walkaway, de Cory Doctorow). Ursula se consagrou como… ↩ -
Também me perguntei se haveria aí preconceito contra brasileiros, mas não encontrei. ↩