Série — Maldição da Mansão Bly

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Mencionei outro dia a Série — Missa da Meia-NoiteSérie — Missa da Meia-Noite
Missa da Meia-Noite (2021, Netflix) é uma série limitada (sete episódios) bem singular. Começa devagar com questionamentos espirituais e existenciais acima da média, e deslancha — ou descamba, para quem não é fã — para um gênero clássico do terror…
. Outra minissérie (uma temporada) de horror que vale muito a pena — do mesmo produtor, Mike Flanagan — é Maldição da Mansão Bly (2020, Netflix). É uma das melhores histórias de fantasmas que já vi ou li.

Não sou fã de horror pelo horror em si, costumo evitar esse gênero. Mas essa minissérie é outra exceção. Assim como Missa…, há toda uma profundidade psicológica e existencial. A história em si se desenrola mais como um drama sobre perda e trauma de torcer o coração.

É uma adaptação ou recriação de um clássico do tipo "casa mal assombrada" do século 19, A Volta do Parafuso, de Henry James. Tentei ler esse livro na adolescência, mas lembro que larguei porque os fantasmas não apareciam nunca. Já essa série me fisgou em cheio.

Quando tinha uns 16 anos, eu adorava ler ficção de terror, mas larguei isso como um tipo de hábito juvenil. Hoje, no entanto, sinto que houve uma evolução marcante nos filmes do gênero que exploram a dimensão psicológica. Esse seriado exemplifica bem isso.

Não há aquela simplificação infantil de um embate com alguma entidade maligna descerebrada. O mal é retratado mais como uma metáfora da sombra psicológica, dos monstros que trancamos no porão. Nesse sentido, acho que o gênero do horror é o mais bem equipado para pintar essa realidade, de um modo que costuma evocar insights transformadores até.

Vi um comentário de alguém que também adorou dizendo que ficou triste no final por ter que se separar desse mundo da Mansão Bly. Identifiquei-me com isso e, pensando sobre por que me sentia um pouco assim também, entendi: os personagens são incrivelmente amáveis, todos — algo bem raro na ficção. Quando alguém morre, dá aquela sensação de uma perda realmente irreparável. Eu me identificava facilmente até com os antagonistas.

Perto do final, começa a haver uma ênfase em romance. Talvez o fim carregue um pouco na dose de açúcar, mas não compromete.

Esse Mike Flanagan parece que tem uma filmografia de horror bastante sólida e autoral. Ele fez também uma série anterior, baseada noutro clássico de casa mal-assombrada: A Maldição da Residência Hill. Dizem que esse é focado mais de frente no terror bravo, então ainda não tive muita curiosidade.

Atualização: Residência Hill está acima da média no gênero terror, com os mesmos elementos mais profundos do Mike Flanagan. Mas achei mais fraco em comparação com Mansão Bly ou Missa da Meia-Noite.