‘A Guerra dos Tronos’ (resenha)

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Capa de "A Guerra dos Tronos"

Como mencionei em A mitologia de ‘Game of Thrones’ e ‘Terramar’A mitologia de ‘Game of Thrones’ e ‘Terramar’
Fantasias do tipo capa e espada são um gênero que não me atrai muito. Gostava dos filmes Senhor dos Anéis, quando saíram, como todo mundo; e, na infância, ficava hipnotizado com o desenho animado do Rei Arthur ou os filmes…
, vi a série Game of Thrones este ano. Jamais imaginava que ia ficar tão capturado. Esse é um daqueles poucos universos fictícios que geram um anseio e saudade especiais. Foi por isso que comecei a ler os livros com a história original.

A primeira temporada da série segue estreitamente o primeiro livro, A Guerra dos Tronos (1996). É tão fiel que fiquei um pouco entediado, pois já antecipava todas as cenas-chave, que são praticamente idênticas na tela. Mesmo assim recomendo para quem amou Game of Thrones a ponto de desejar prolongar a experiência. Realmente, é muito mais uma experiência do que uma mera série. Que outra história teve a capacidade de juntar por anos pessoas em pubs para torcer como se fosse a Copa do Mundo?

Por mais que a série seja ótima em todos os aspectos da produção, o coração dessas histórias ainda é o autor dos livros, George R.R. Martin. E A Guerra de Tronos realmente entrega a saga de modo que apenas a literatura consegue — por exemplo, literalmente entrando nos corações e mentes das personagens.

Não é do tipo vira-páginas ágil e compulsivo. É mais um mergulho lento e profundo, que vai cozinhando devagar e, quando nos damos conta, os personagens já fazem parte de nossa vida.

Um dos diversos aspectos exclusivos dos livros que adorei são as histórias sobre as tradições ancestrais do Norte, como a espiritualidade das "antigas divindades", separadas dos sete deuses dominantes no resto do continente. É basicamente um culto "pagão" panteísta da natureza, disseminado pelas antigas "crianças da floresta", que acabaram exiladas, e quase extintas, para além da muralha. Esse elemento (que o clã Stark meio que representa) de uma ancestral ligação com as forças naturais destruída pela "civilização" ficou praticamente ausente na adaptação. Detalhes como esse ampliam bastante o significado da fábula.

Comecei o segundo volume, A Fúria dos Reis, e fiquei aliviado ao perceber que é uma obra bem mais distinta da série, apesar da trama principal obviamente ser a mesma.

Cada livro tem entre 700 e 1.000 páginas, então provavelmente vou terminar daqui a uns anos só, já que costumo ler simultaneamente outros livros. Espero que até lá os últimos volumes tenham sido escritos; ainda faltam o 6º e o 7º para a série concluir — e Martin já adiantou que o desfecho não será o mesmo da tela.